Seguidores

O CIÚME QUE SINTO ...





Tenho ciúmes...
Da calcinha que cobre teu sexo
Do soutien que abriga teus seios
Do creme dental que perfuma teu hálito
Do sabonete que acaricia tua pele
Da água que escorre pelo teu corpo
Da toalha que te enxuga
Dos brincos que usas nas orelhas
Do colar que orna teu colo
Da roupa que te cobre
Do travesseiro onde repousas teu sono
Do lençol que te abriga
Da atenção que dispensas aos outros
De tudo enfim que te diz respeito
E, por último, tenho ciúme
Até do ciúme que tenho de ti...

TONY/MAGO
Dez.08-2009

V I E S T E !!!




De onde eu não sei,
Talvez de uma galáxia distante
Navegando uma nuvem passante

Quem és, ainda não sei de todo
Mas também não sabes quem eu sou
Aos poucos vamos nos conhecendo
Trocando mensagens, falando sobre nós

Mas tudo isso não importa
Só importa que vieste
E contigo trouxeste
Uma intensa luz, que me cega

Mas ao mesmo tempo
Ilumina, profundamente
A estrada deste andarilho
Errante, desprotegido

Que vaga pelo mundo a esmo
Em busca do que nem ele mesmo sabe
Mas que talvez com tua luz
Ele descubra o que procura

E assim se torne resplandescente
E ele só pede a Deus, humildemente
Que tua vinda seja permanente.


APS/

NUNCA TE VI, SEMPRE TE AMEI !!!




O tempo é escasso demais
Pra te dizer, bela desconhecida
Tudo o que significas pra mim.
Estranho, sequer te conheço
E no entanto
Me enfeitiças inteiramente
Te enroscas em mim, me aprisionas
Docemente.
Quem és tú, de onde vieste
Pra seres assim tão presente
Em minha mente?
Tu me excitas de uma forma
Como nunca sentí...
Só o mar me acalma,
Na espuma das ondas
Refletidas na lua cheia,
Do dia em que nasci...
As estrelas me guiando,
Suavemente,
Para teu colo macio e morno...
Este poema não tem rimas,
Mas é repleto de sentimentos...
Então, antes que o tempo se esgote,
De vez, perverso que é,
Encerro dizendo simplesmente,
NUNCA TE VI
SEMPRE TE AMEI !!!

APS/ 15.02.2009

QUANDO VOU ESQUECER-ME DE TI !!!




Quando o sol deixar de nascer todo dia
Pra iluminar e aquecer o mundo

Quando as estrelas deixarem de brilhar
Pra acariciar a alma dos sonhadores

Quando o rio deixar de correr
Pra despenhar nas cachoeiras

Quando a grama deixar de crescer
Pra não mais precisar cortar

Quando a chuva parar de cair
Pra aguar as plantas e hortas

Quando o vento parar de soprar
Pra balançar as folhas das árvores

Quando os pássaros deixarem de cantar
Pra enternecer nossos corações

Quando o mar não tiver mais marés
Pra alternar o encher e o vazar

E, finalmente,

Quando eu não mais tiver forças
Pra teus desejos satisfazer

Então, aí sim,

Quando tudo isso acontecer
Vou esquecer-me de ti

TONY (DOCE MAGO)
06.02.2010

D E S E J O !!!




De todas as mulheres que eu NÃO tive
E que provavelmente jamais terei
Tu és a que tens os lábios mais gostosos
Que eu, infelizmente, jamais beijei

De todas as mulheres que eu NÃO tive
E que provavelmente jamais terei
Tu és a que mais intensamente desejo ter
Junto a mim, por um momento só que seja
Mas sei que isso é apenas um sonho distante

De todas as mulheres que eu NÃO tive
E que provavelmente jamais terei
Tu és a que mais me enfeitiça, me enlouquece
Aquela que não sai do meu pensamento
E, no entanto, sei que jamais serás minha

E me consumo, me perco, prisioneiro de ti
Nesse desejo que por ti sinto
Que me embriaga, por inteiro, feito absinto
E se enrosca em mim, sem perdão, feito serpente...

by CORINGA - 23.04.2007

IMAGINANDO UMA ESPERA !!!








Saio, vou até a varanda.

Nem ao longe vislumbro o teu vulto pela estrada.

Espero por ti com todo o meu corpo em fogo, com os lábios molhados de desejo, com as mãos trêmulas de paixão e o coração cheio de incertezas.

Anoitece lentamente.

Entro, fecho portas e janelas. Não necessito de luz, não preciso ver, pois na minha mente já conheço o barulho dos teus passos tão bem como o cheiro do teu corpo.

No escuro aguardo, ouvidos e narinas atentos...

Só escuto o pio dos pássaros notívagos, o coaxar dos sapos e o rumor da água a correr pelas calhas. Chove lá fora, chove dentro de mim.

O cheiro de mato molhado invade as minhas narinas e nele tento distinguir o cheiro de óleo de amêndoa que sempre encontro misturado ao teu suor.

Tu tardas, ou talvez nem venhas. A razão adverte para que não alimente esperanças, mas o coração teima e o corpo arde.

Quantas vezes as promessas imaginadas foram quebradas?

Olho o relógio e a angústia domina minha razão. Questiono o meu amor que te perdoa sempre. Meu corpo se cala.

Volto à varanda, desespero e eis que de repente vejo o teu vulto a se desenhar, ao longe, na estrada.

Nada mais importa, pois neste momento o pio dos pássaros, o coaxar dos sapos e o rumor da água correndo nas calhas se transformam em uma sinfonia que cala a razão. Só a emoção me envolve.

Teu cheiro já entra pelas minhas narinas, enchendo meus olhos de água e o coração de alegria, arrepiando a minha pele e me fazendo escravo do desejo.

Todo o meu corpo antecipa o calor da tua chegada. E o gozo que se avizinha.


TONY (DOCE MAGO)
Chácara Tietê, 14.11.2009

NAS HORAS SOTURNAS DA MADRUGADA...






NAS HORAS SOTURNAS DA MADRUGADA !!!

Nas horas soturnas da madrugada
Quando a solidão assume o comando
Até as verdades parecem brincadeiras...
E, de repente, as brincadeiras que eram verdades
Se ransformam em loucuras imensas e incontroláveis...

Nas horas soturnas da madrugada,
Quando a solidão assume o comando
As loucuras que eram brincadeiras
Se tornam reais e sem limites
E o homem a elas inteiramente se entrega
Sem medir consequências
Sem se importar com o amanhã...

Nas horas soturnas da madrugada
Quando a solidão assume o comando
O homem pensa, de repente, na mulher amada
Em seu amor proibido, impossível de ser alcançado,
Que o levou a se entregar às loucuras
Já ditas imensas e incontroláveis...

E sem querer, involuntariamente
Chora, copiosamente,
Lágrimas salgadas, perversas, torrenciais
Que descem de seus olhos
E se abrigam em seus lábios
Sedentos de amor...

Nas horas soturnas da madrugada
Quando a solidão assume o comando
O Homem finalmente se rende,
À triste realidade que o cerca,

Se retrair, se conforma
E se rende, sem perdão
Ao seu destino...
Que ele não consegue mudar...

TONY (MAGO)
Dez 11/12=2009-00.59 h



MEU BARCO ERRANTE...

Hoje sou um barco sem rumo
Que navega sem bússula,
Sem régua, nem prumo...
Enfrentando os desafios do mar
Sem receio nenhum de naufragar
Tenho braços e asas fortes,
Seguro com firmeza o leme
Em busca de um destino
Onde possa enfim aportar

Tento em vão esquecer
O meu amor proibido
Que povoa minha mente
E atiça minha libido
Me enchendo de desejo
Que não posso satisfazer

Um dia talvez, quem sabe
Dele consiga me libertar
Ou quem sabe por milagre
Em seus braços me aninhar
Conto com a ajuda dos ventos
Que enfunam as velas
Deste barco sem rumo
Que insiste em navegar...
Mesmo sem saber
Aonde vai chegar...

APS/MAGO
Dez.8, 2009

UM PENSAMENTO MEU




"Só quem enxerga minha beleza é quem tem a capacidade de enxergar minha alma, branca como a neve, suave como uma pétala de flor esvoaçando no ar, pura como a água da fonte virgem. Os demais, se fixam apenas na imagem externa, que é mutável, ao contrário da outra, que é perene e imune à pátina do tempo... "

Antonio de Pádua Seixas

ACONCHEGO




ACONCHEGO...



Chego de mansinho,

Nem percebes...

Deito ao teu lado

Na cama aquecida

Nem percebes...

Abraço-te com ternura

Acolhes-me por reflexo

Beijo-te na face

Esboças um sorriso

Sussurro-te ao ouvido

Amo-te, mocinha!!!

Teus braços me envolvem

Num abraço mais apertado

Com os olhos fechados

Nem me vês...

Cheguei antes do sol

Sai como entrei

E te fiz feliz ...



TONY (DOCE MAGO)
08.01.2010

UM SONHO INDECIFRÁVEL...




UM SONHO INDECIFRÁVEL...


No meio da noite, surgiste de repente na minha cama. Usavas uma camisola preta transparente, comprimento à altura de teus joelhos, sem mais nada por baixo. Através dela eu via teus seios firmes, a silhueta de teu corpo, tuas coxas bem torneadas, teu sexo. Pra ter certeza de que não eras uma miragem acariciei de leve teu rosto, depois fui explorando teu corpo, estavas quente, teus olhos brilhavam e me fitavam intensamente, sorrias com doçura, lábios entreabertos, tua boca exalava um hálito quente e perfumado, estremeceste quando sentiste minhas mãos te percorrendo, procurando teus caminhos. Delicadamente tirei tua camisola, te puxei pra perto de mim, minha boca procurou a tua e quando a encontrou nos beijamos apaixonadamente, nossas línguas trocaram caricias infindáveis, teu corpo colado ao meu, o desejo nos dominava por inteiro. Minhas mãos continuaram a explorar teu corpo macio e quente. Beijei teus seios, teus mamilos estavam duros e úmidos, continuei a te lamber feito um gato até chegar ao teu sexo, tuas pernas se abriram e eu me afoguei nele, minha língua penetrava nele com vigor, em dado momento sussurraste: "Não para, não para..." E eu não parei até quando teu corpo se enrijeceu, de tua garganta proveio um gemido rouco, profundo, e então eu senti a seiva que derramavas na minha boca, um líquido morno, com sabor de alfazema, que escorria pelos cantos da minha boca e eu me deliciava com ele.
Então pulei pra cima de ti, joguei todo o peso do meu corpo sobre o teu e te possuí inteirinha em movimentos ritmados e constantes, ininterruptamente, até chegar ao momento sublime do gozo que experimentamos em perfeita sintonia e ambos soltamos simultaneamente um longo gemido, eu beijei tua boca novamente com fome de mais prazer e tu me retribuíste da mesma maneira.
E aí te perguntei baixinho: Estás satisfeita? e tu me respondeste tal qual Messalina: "Cansada, mas não saciada...!!!" E sorriste maliciosamente...
Em seguida adormecemos, ambos nus, corpos entrelaçados e pedimos que o tempo parasse pra que esse momento se tornasse eterno...
Mas o tempo não parou, infelizmente, e quando o dia amanheceu me vi sozinho novamente, e foi quando me dei conta de que tudo havia sido apenas um sonho...
Um sonho indecifrável...

PERGUNTAS E RESPOSTAS...






PERGUNTAS E RESPOSTAS...

Ela perguntou: O que é Resignação?
E o que significa Renúncia...?
Ele respondeu: Resignação é você abrir mão de algo (um sonho, por exemplo, ou de alguém (um amor, por exemplo) que pensava ter, mas não tem...
Renúncia é você abrir mão de algo (um cargo, por exemplo) ou alguém (uma amizade, por exemplo) que já tem e que por alguma razão, não quer mais...
Ela perguntou: E isso dói ? Qual dói mais?
Ele respondeu: Dói sim, muito.
A que dói mais é a Resignação, que é um ato de humildade, deixa uma sensação de vazio, especialmente quando se trata de resignação a alguém.
Ela perguntou: Diante de tua resposta, como lidar com essa dor?
Ele respondeu: É muito difícil, quase impossível, é uma dor que não passa, é preciso ter muita força interior, muita paciência, esperar que o tempo a amenize embora ela vá estar sempre lá, te acompanhando pela vida afora.
Por um instante, Ela calou-se. Um silêncio incômodo pairou no ar, então...
Ele perguntou: Respondi tuas perguntas? Tens mais algo a perguntar?
Ela respondeu: Sim, respondeu, estou satisfeita com tuas respostas, tua visão de resignação e renúncia me leva a crer que já passaste por ambas.
Obrigada, não, não tenho mais perguntas.
E logo em seguida se despediram. E cada um seguiu seu caminho, rumo ao seu destino...

TONY (DOCE MAGO)
02.02.2010

ANSEIO !!!





ANSEIO

Sinto uma vontade imensa de me libertar
De todos os meus medos,
De tudo que me acorrenta
Me asfixia e me amordaça...
Eu queria ser livre como a águia
Que alcança as alturas mais altas
Que se possa imaginar
Eu queria poder de todos esses grilhões
Me desvencilhar
E partir em busca
De lugares distantes,
sonhados,
misteriosos,
Onde algum dia eu pudesse chegar
E todos os meus sonhos realizar...

- Antonio Seixas – Postado em 17.07.2009

UM SONHO INACABADO, QUE SE REPETE CONTINUADAMENTE !!!




UM SONHO INACABADO, QUE SE REPETE CONTINUADAMENTE !!!

A noite insiste em não terminar, continua sua vigília implacável, tento fechar os olhos, não consigo, e de repente, de olhos semi-abertos, possuído por um momento de insanidade, começo a sonhar acordado.

Sonho contigo, com a placidez do teu olhar, com a serenidade de tua alma refletida no teu rosto, sonho que estamos juntos, cúmplices do mesmo sentimento, viajando sem destino pré-estabelecido, num veleiro que navega ao sabor dos ventos, rumo ao desconhecido que o destino nos reservou.

Navegamos sem bússola, nem instrumentos, somente as estrelas nos guiando.

Sonho que me transformo num vampiro que não quer chupar teu sangue, porque te ama, sonho que me acolhes em teus braços, e em silêncio continuamos a viagem, sem nos preocuparmos onde iremos chegar porque sabemos onde: a lugar nenhum.

Porque esse veleiro nunca saiu do porto, porque eu não me transformei num vampiro apaixonado, por mais que quisesse, porque não existe destino traçado pra nós, porque nunca me tomaste em teus braços e porque esse sonho foi apenas um momento de insanidade temporária, embora eu gostasse que ele fosse verdadeiro.

......................................................
TONY (Gandalf)
14.09.2009

VIVER...




Viver

Viver é aprender a rever os passos sempre...
É mudar de rota ou seguir a mesma de maneira diferente.
É superar a dor,
É aquecer os sonhos,
É confiar na vida,
É um intenso presente,
É seguir o caminho do coração,
É orientar o pensamento para positividade.
É cuidar de si,
É escutar a alma...
É respirar a essência divina que habita em ti.
É aprender a sorrir.

Antonio Pádua Seixas

EU APRENDI




Eu Aprendi

Eu aprendi Que a melhor sala de aula do mundo está aos pés de uma pessoa mais velha;
Eu aprendi que quando você está amando dá na vista;
Eu aprendi que basta uma pessoa me dizer "Você faz meu dia" para que ele se ilumine;
Eu aprendi que ter uma criança adormecida em seus braços é um dos momentos mais pacíficos do mundo;
Eu aprendi que ser gentil é mais importante do que estar certo;
Eu aprendi que nunca se deve negar um presente a uma criança;
Eu aprendi que eu sempre posso orar por alguém, quando não tenho a força para ajudá-lo de alguma outra forma;
Eu aprendi que não importa quanta seriedade a vida exija de você, cada um de nós precisa de um amigo brincalhão para se divertir junto;
Eu aprendi que algumas vezes tudo o que precisamos é de uma mão para segurar e de um coração para nos entender;
Eu aprendi que os passeios simples com meu pai, em volta do quarteirão nas noites de verão quando eu era criança, fizeram maravilhas por mim quando me tornei adulto;
Eu aprendi que a vida é como rolo de papel quanto mais perto do fim mais rápido acaba;
Eu aprendi que deveríamos ser gratos a Deus por não nos dar tudo que lhe pedimos;
Eu aprendi que dinheiro não compra "classe";
Eu aprendi que são os pequenos acontecimentos diários que tornam a vida espetacular;
Eu aprendi que debaixo da "casca grossa" existe > >uma pessoa que deseja ser apreciada e amada;
Eu aprendi que Deus não fez tudo num só dia. O que me faz pensar que eu possa?
Eu aprendi que ignorar o fato não os altera;
Eu aprendi que quando você planeja se nivelar a alguém, apenas está permitindo que essa pessoa continue a magoar;
Eu aprendi que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;
Eu aprendi que a maneira mais fácil para eu crescer como pessoa é me cercar de gente mais inteligente do que eu;
Eu aprendi que cada pessoa que a gente conhece deve ser saudada com um sorriso;
Eu aprendi que ninguém é perfeito, até que você se apaixone por essa pessoa;
Eu aprendi que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;
Eu aprendi que as oportunidades nunca são perdidas. Alguém vai aproveitar as que você perdeu;
Eu aprendi que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;
Eu aprendi que eu gostaria de ter dito a minha mãe que a amava, uma vez mais, antes dela morrer;
Eu aprendi que devemos ter sempre palavras doces e gentis, pois amanhã talvez tenhamos que engoli-las;
Eu aprendi que um sorriso é a maneira mais barata de melhorar sua aparência;
Eu aprendi que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;
Eu aprendi que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade é crescimento e ocorre quando você está escalando-a;
Eu aprendi só se deve dar conselhos em duas ocasiões;quando é pedido ou caso de vida ou morte;
Eu aprendi que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.

Tradução livre, por Antonio de Pádua Seixas, do texto I have learned de William Shakespeare - 2006

DE REPENTE...


DE REPENTE...

De repente sinto medo,
da insegurança do mundo
que me cerca de grades...
e me transforma num prisioneiro...

De repente sinto muita raiva
desses políticos imundos,
mentirosos, venais, vagabundos...

De repente sinto pena
desses pobres inocentes
vitimas de balas perdidas...
que morrem sem saber por quê
todos os dias nas ruas e avenidas...

De repente sinto um ódio imenso
dos traficantes de drogas
exploradores de menores
pobres e indefesas criaturas
infelizes moradores de guetos
e favelas nas grandes cidades

De repente sinto imensa pena
dos dependentes da assistência médica
dos falidos planos de saúde oficiais
Que morrem sem atendimento,
depois de horas infindáveis de espera
nas filas dos hospitais...

De repente sinto algo estranho
que não sei como definir
Que me deixa muito triste
e sem vontade de sorrir...

De repente...
Apenas de repente...
paro, também indefeso,
por não poder em nada mais
ACREDITAR...

OUTONO EM NEW YORK


OUTONO EM NOVA IORQUE


Era Outono em Nova Iorque, uma tarde luminosa, temperatura amena.
Encontrava-me no Central Park, contemplando distraidamente o multicolorido das folhas nas árvores – tons variados de amarelo, marrom, violeta – quando, de repente, ao desviar os olhos para os transeuntes, eu a vi, de costas, à meia distância. Será mesmo ela, pensei. O que faço? Sem mais hesitação procurei alcança-la e, quando me aproximei o bastante toquei de leve em seu ombro. Ela virou-se e...que decepção, não era quem eu imaginara que fosse. Pedi-lhe desculpas, meio desajeitado, expliquei que a tinha tomado por outra pessoa que conhecera no verão passado. Ela apenas sorriu e seguiu seu caminho.
Fiquei ali, por uns momentos, e sem que me desse conta, meu pensamento voltou no tempo e comecei a relembrar:
“Foi numa noite do verão passado, quente e úmida como costuma ser essa estação nesta cidade. Encontrava-me num bar repleto de pessoas que, como eu, buscavam conforto no ar condicionado do lugar e na bebida gelada. Encostado no balcão saboreava placidamente meu drinque quando, subitamente, ouvi alguém pedir um “ gin and tonic, please”... Aquela voz suave e o perfume que a seguiu atingiram-se em cheio. Virei-me lentamente, procurando controlar minha ansiedade, e então eu a vi. Tinha olhos de um azul profundo contrastando lindamente com sua tez morena clara, cabelos castanhos ondulados que lhe caiam sobre os ombros com charmosa displicência. Afastei-me um pouco, abrindo espaço que permitisse a ela se acomodar ao meu lado. Fingi que não a observava. Então percebi que ela tentava inutilmente acender um cigarro, seu isqueiro falhava sem parar. Ofereci-lhe o meu, ela aceitou e agradeceu com um sorriso lindo. Começamos a conversar sobre amenidades, notei que, como eu, ela também estava tensa. Aos poucos fomos nos soltando e trocamos olhares nervosos, mas comprometedores. O zum-zum-zum era enorme, ela falava baixinho obrigando-me a aproximar-me mais e mais pra poder ouvi-la melhor.
Disse que era advogada e que trabalhava num dos grandes escritórios de advocacia da cidade.Sua voz soava aos meus ouvidos com uma melodia suave e harmoniosa. Nessa altura o bar parecia que tinha se esvaziado. Eu não via mais ninguém, só ela. Estávamos, ambos, envolvidos por uma atração recíproca indisfarçável e nossos olhares já não mais escondiam isso. Foi quando ela sugeriu que saíssemos dali, para um lugar onde tivéssemos mais privacidade. (Eu morava perto de onde estávamos, havia dito isso a ela no curso de nossa conversa). Então, arrisquei: “Meu apartamento?” Ela hesitou, mas por um segundo apenas.
No trajeto, mal nos falamos. Não era necessário, embora até então eu não soubesse seu nome nem ela o meu. Mais tarde, pensei, haverá tempo pra isso.
Ao chegarmos ela pediu pra usar o telefone. Acendi umas velas perfumadas, pus um CD pra tocar e fui preparar um drinque pra nós. Ao retornar à sala encontrei-a recostada no sofá, sem sapatos, blusa ligeiramente entreaberta revelando um colo lindo. Sentei-me ao seu lado, ela ignorou o drinque que lhe ofereci. Abraçamo-nos carinhosamente e trocamos um longo beijo. Lentamente, ao som de Mozart e sob a tênue luz das velas fomos nos entregando mutuamente, até sermos um só. E começamos uma jornada de amor, sem pressa nem reservas, rumo a uma galáxia distante, cercados de estrelas...
Na manhã seguinte, quando despertei, ela já se fora. Sem uma palavra sequer, ou um bilhete de despedida, sem nome, sem telefone, nada. Ela se foi silenciosamente e envolta em mistério. Porquê? me perguntei e não tive resposta.
Nessa mesma noite e em muitas outras, retornei ao bar onde havíamos nos conhecido, na esperança de reencontra-la. Em vão. Durante meses, ao chegar em casa repetia o ritual de acender velas e colocar o mesmo CD pra tocar, servia-me um drinque e deixava outro pronto pra ela e ficava na expectativa de que, de repente, soasse a campainha e quando eu abrisse a porta ela estivesse lá.
Mas ela jamais voltou. Nunca mais a vi.
Dela apenas restou, em minha mente, essa incômoda recordação; nos meus ouvidos, a doçura das palavras por ela murmuradas durante nossa jornada ao paraíso; o perfume na toalha abandonada na pia do banheiro e alguns fios de seu cabelo no travesseiro que acalentou seus sonhos...
E esse silêncio, que me ensurdece. E essa insuportável sensação de vazio que me devasta.
De volta à realidade perguntei-me: ATÉ QUANDO?
Até que um dia eu encontre alguém que me faça esquece-la, alguém que me resgate de vez e que me conduza novamente àquela galáxia distante, cercado de estrelas.
E que, passado esse momento de êxtase, continue ao meu lado, não apenas na manhã seguinte, mas em todas as manhãs de minha vida.”

Era outono em New York, uma tarde luminosa, temperatura amena...

APS/
Fevereiro/84


CONVITE AO AMOR

Ah, se fosse mesmo verdade,
Quando dizes em prosa e verso
Que, dentre poucos, eu mereço
Boa parte do teu coração...
Diz pra mim então, porque foges,
E não segues tua emoção?

Outras vezes também dizes,
Que sentes o muito que te encanto
Então porque nunca me atendes,
Quando mil vezes te chamo...
Pra enxugares meu pranto?

Não creio que fales sério!
Continuas pra mim um mistério
Que por mais que queira e tente,
Não consigo decifrar.

Tu és aquela que seduz e enfeitiça.
E depois se vai por aí, gargalhando,
Zombando daqueles que incendeias
Com os trejeitos e a magia das ciganas...

Diz-me o que queres que eu faça, claramente,
Que te ignores simplemeste, que não sinta
Tua presença constante em minha mente?
Mas como poderia eu fazer isso, de repente,
Se, indefeso, te amo assim, tão loucamente!?

Ou será que queres que eu aceite
Que nada mais somos além de paralelas
Que, lado a lado, caminham como irmãos;
E que depois abra o peito e solte um grito
Quando dizes que essas linhas assim serão
Sempre paralelas, que jamais se encontrarão
Nem mesmo no Infinito?

Não posso, não quero, me recuso e é por isso
Que venho te fazer, aqui e agora,
Um apelo derradeiro:
Vem, minha amada, viver comigo uma aventura.
Vida afora, sem destino, num veleiro.
Vamos viver juntos, um amor verdadeiro.
E verás que o calor do sol vai unir de vez
Os extremos daquelas paralelas.
A suave brisa do mar enternecerá teu coração.
O encanto das estrelas e o poder do luar
Afastarão de ti, pra sempre, teus temores.
E então, sem os grilhões dos teus medos,
Te sentirás livre e pronta,
Pra eternamente ME AMAR..

APS/

CAMINHADA


CAMINHADA


Vim de muito longe, de terras áridas...
Em busca de horizontes.
Como o besouro, sem poder, ousei voar...
Em busca de altitudes.
Naveguei, sem bússola, águas desconhecidas...
Experimentando aventuras.

Vim de muito longe, de terras áridas...
Em busca de meu caminho
E minha identidade...

Vivi etapas distintas ao longo do percurso.
Fui casulo: preso dentro de mim mesmo,
Fui lagarta: rastejei pelo chão,
Fui borboleta: leve e colorida.
Ciclo repetido, tantas e tantas vezes...

Amei muito e fui muito amado...
Abandonei amores e por amores fui abandonado.
Encontros e desencontros, acertos e desacertos.
Experiências, de que não restaram
Nem mágoas, nem rancores...
As terras áridas, cada vez mais distantes...
Como as lembranças:
O pai morto tão cedo, quase não vi.
A infância sofrida, quase não vivi.
A adolescência vacilante, quase perdida.
Responsabilidades precocemente assumidas.
Questionamentos, desejos, angústias, conflitos,
Vacilações, luta sem fim, descaminhos,
Fracassos, vitórias, certezas??? ...

Vim de muito longe, de terras áridas...
Anos e anos, sem fim, se passaram.
Encontrei meu horizonte!
Entrei em minha órbita!
Achei a mim mesmo!

As buscas terminaram, as aventuras também...
AGORA SOU EU MESMO,
ÍNTEGRO E COMPLETO. PRONTO E ACABADO!

ESTOU EM PAZ, ABENÇOADO POR DEUS.

QUEM SOU EU...



Sou um velho e, ao mesmo tempo,
Sou um menino...
Sou masculino e também feminino
Sou na vida um bailarino...
Que dança ao sabor das nuvens
E sob a luz das estrelas
Só te peço que me ouças,
E que me deixes vê-las.
Sou um fraco e um forte,
Sou um puro e um devasso,
Mas me transformo num santo
Se me acolheres
Em teu regaço...
Sou um anjo e um demônio,
Sou rico e sou pobre,
Mas se porventura me amares, te garanto
Que me transformo em um nobre…
Sou bandido e sou herói,
Sou forasteiro, sonhador... errante
Mas se por acaso me quiseres,
Dentre todas as mulheres,
Serei pra sempre,
Teu amante...
Não sou poeta,
Sou atrevido e ousado,
Caprichoso, determinado.
Sempre à busca do resgate,
Que não vem nunca,
E cada dia fica
Mais distante.
Escrevo com sentimento,
A alma solta, velejando,
Se alimentando do meu pobre verso,
Esperando encontrar alguém,
Que com seu amor transforme meu UNIVERSO...